27.11.11

Raul Seixas, Paulo Coelho, A Sociedade Alternativa e a Lei De Thelema

O início dos anos setenta é guardado com imenso carinho por aqueles que os viveram intensamente, formando a romântica juventude daquele tumultuado período.

O pouco populoso meio thelêmico da época não escaparia (felizmente) do romantismo que tomara conta da assim chamada geração para frente Brasil. Entre tantos que estiveram em contato inicial com o sistema thelêmico de realização espiritual, dois nomes despontam, bem mais pelo futuro que o destino lhes reservaria, do que pelo conhecimento, propriamente dito, da matéria elaborada por Aleister Crowley: os nomes são, Raul Seixas e Paulo Coelho.

Raul Seixas conheceu Paulo Coelho em 1973, através de um artigo publicado na revista "A Pomba", do próprio Paulo Coelho. A partir deste momento, nascia a tão famosa parceria musical que viria a projetar os dois no cenário nacional.

Paulo Coelho, então em contato com Marcelo Ramos Motta (1931-1987), tomava suas primeiras instruções sobre Crowley e a Lei de Thelema. O fascínio pela filosofia desenvolvida pelo controvertido mago Inglês, não tardou a contagiar o promissor jovem escritor que, logo em seguida, a apresentou a Raul Seixas. A vida e a obra dos dois foram fortemente marcadas por este período.

Motta, então, escreve para um discípulo, Euclydes Almeida, pedindo para que este se responsabilizasse pelo desenvolvimento de Paulo Coelho, tanto na A.'.A.'. quanto na sua particular versão da "O.T.O.". Marcelo Motta também comporia algumas músicas em parceria com Raul Seixas e Paulo Coelho. Entre as mais famosas estão as belas "A Maçã", "Tente Outra Vez" e "Novo Aeon" (essa ultima em parceria com Cláudio Roberto).

Paulo Coelho, como indicado por Motta, estabelece contato com a pessoa indicada e esta o aceita como Postulante e Estudante da Lei de Thelema. A significativa troca de correspondência entre Paulo Coelho e seu novo Instrutor durante o período 1973-74 nos dá a certa medida do entusiasmo e dedicação com que Paulo Coelho, desenvolvendo seu estudos, também tomava para si a responsabilidade de divulgação da Obra do controvertido mago Aleister Crowley. Este trecho de uma carta de Paulo Coelho, datada de 26/03/74, nos dá uma idéia de seu envolvimento com a filosofia thelêmica: "... como tomamos [Paulo e Raul] Crowley, principalmente Liber OZ, como base de um estudo social a que nos propomos, gostaria de ouvir e ser constantemente orientado por vocês no sentido de não comprometer nada, falando demais ou falando errado. Informe urgentemente como devemos continuar agindo na divulgação de todos os nossos ideais e nossas idéias."

Seu treinamento mágico com teve início formal em 01/01/1974. Em seguida, Paulo Coelho seria admitido na versão de Motta da "O.T.O.", assumindo o Mote Mágico "Staars". Raul Seixas e Paulo Coelho, inspirados pela Lei de Thelema e pela Obra de Aleister Crowley, também formulariam um movimento que ficou conhecido com A Sociedade Alternativa, cujo hino, a música que leva o mesmo nome, é a própria declaração da Lei de Thelema.

Paulo Coelho, bem mais organizado que Raul Seixas, seguia firme com suas práticas e estudos thelêmicos. No dia 19 de maio de 1974, Paulo Coelho envia seu Juramento do Grau de Probacionista e é admitido na A.'.A.'. com o Mote Mágico "Luz Eterna" 313 (e não "Lúcifer", como divulgado por certos autores nacionais). Junto a seu Juramento, envia uma carta em que seus ideais ficam expostos de forma bem clara. Nela, Paulo Coelho diz o seguinte:

"Continuamos a divulgar de todas as formas o Liber OZ, [...] A Sociedade Alternativa continua com o sucesso de sua caminhada no sentido de construir as bases sociais para uma verdadeira civilização thelêmica."

No entanto a eternidade de sua luz na senda thelêmica, bem como sua certeza de propósitos em relação a esta filosofia de vida, não iriam durar muito tempo: ironicamente, esta seria sua última missiva dirigida a seu Instrutor. Cinco dias depois, na sua famosa "noite negra do dia 24", Paulo Coelho, junto a outros "subversivos", é preso pela polícia do exército. Sim, ele de fato viu o "diabo" e, muito embora estes não possuíssem rabos pontudos nem chifres e usassem o verde oliva no lugar do vermelho, esse seria o fim de sua carreira mágica, pelo menos naquilo que diz respeito a Thelema.

Provavelmente a forte formação católico-romana de Paulo Coelho o tenha feito associar os dois fatos, mostrando-lhe então o quão "errado" ele estava em seguir "os passos da Besta". Mais isso é apenas uma especulação. Devemos sempre lembrar que todos têm direito de optar pelo que melhor lhes parecerem. Alguns anos depois, o então convertido e arrependido Paulo Coelho transformou-se no mundialmente famoso escritor que todos conhecem. Não há lei além de faze o que tu queres.

Aqueles que conhecem esta parte da história, todavia, sabem o quanto esta fase marcou o escritor que se formava. Esses também sabem qual é a verdadeira origem do seu conhecimento que, fragmentado e diluído, habita alguns de seus Best-sellers, além, é claro, do que significa sua Ordem de RAM (é curioso observar que a palavra inglesa RAM é designativa para Áries, Carneiro ou ainda de Bode Montês - nesse caso, o Trunfo XV do Tarot de Crowley).

Raul Seixas, por sua vez - que nunca obteve qualquer vinculo formal com qualquer organização de cunho thelêmico - seguindo o exemplo de praticamente todos os estudantes de thelema daquela época, rompeu definitivamente contato com Motta. Raul Seixas, entretanto, seguiu de modo independente e anárquico, características bem próprias a sua fantástica personalidade, a divulgar a Lei de Thelema e a genialidade de Crowley. E assim, através de seus próprios méritos, ele se consagrou, e mesmo hoje, após sua precoce morte em 1989, continua como uma agradável e inspiradora lembrança, bem vívida na mente daqueles que amam a obra do sempre eterno maluco beleza.

Para muitos esse foi o fim do sonho da Sociedade Alternativa, para outros entretanto, seu verdadeiro início...

Quanto a Marcelo Motta, a partir de 1974 ambos, Raul Seixas e Paulo Coelho, não mais se relacionariam com ele (e nem com ninguém associado a Lei de Thelema). Motta, por sua vez, como sempre acontecia em relação a seus "ex-discipulos" (ou a qualquer pessoa) que faziam sucesso, não os poupou de sua insana ira. Especificamente sobre o nosso queridíssimo Raul Seixas, valera' deixar as palavras do próprio Motta sobre ele, com a referido fonte bibliográfica. Novamente, prestem atenção, digo apenas o seguinte: essas palavras que seguirão abaixo são do próprio Marcelo Motta falando na terceira pessoa, e não minhas. Lá vai a pérola:

"Raul dos Santos Seixas: Cantor e compositor popular brasileiro. Foi em certo tempo um Probacionista de Marcelo Ramos Motta. Tentou USAR Crowley para sucesso pessoal, MACAQUEANDO os Beatles. Por sua própria requisição escreveu varias músicas tendo Motta como seu letrista. Tentou ROUBAR as letras e expurgou varias de suas letras, CURVANDO-SE a censura governamental. Cortou contato com ele."

Num simples e curto parágrafo, o Raul (logo o Raul!) é acusado de "usar" o Crowley para sucesso pessoal, de se submeter a censura (quem o conheceu pode atestar o que o Raul achava da censura... e salvo me engano, a única musica do Raul que foi de fato censurada foi o debochado "Rock das Aranhas"...), além dele ser chamado publicamente de macaco e de ladrão. Enfim, o Motta seguiu, processando e caluniando o Raul, da mesma forma como fez com tantos outros. Contudo, como praticamente tudo feito por Motta isso não deu em nada...

Marcelo Motta faleceu, em 27 de agosto de 1987, sozinho em Teresópolis, cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro.

E ainda existe mais.... mas, por enquanto isso é suficiente, pois já escrevi muito. Espero que essas informações lhes sejam úteis.

Um grande abraço.

O Sacrifício Thelêmico

Muito se tem discutido atualmente a respeito da passagem de aeons e da implicação subseqüente da noção de sacrifício religioso. O princípio de abstinência cristão

nunca fora tão questionado e julgado; sendo sua prática cada vez mais delimitada a padrões de grupos específicos norteados pelo fanatismo. Porém a Roda ainda gira e seu fluxo dinâmico não permite exclusão, embora implique necessariamente em transformação. Este seria então o ponto crucial de uma explanação intencionada a discorrer sobre a mudança de perspectiva no que se refere à entrega do eu à sua expressão máxima, enquanto individualidade única, no caminho que leva à santificação, cujo verbo sacrificar é a máxima expressão, significando etimologicamente "tornar santo".

Dentre todos os preceitos já aceitos e estimulados à exaustão pelas instituições decadentes que ora representaram a glória opulenta do sistema antigo, o sacrifício representa a essência do equilíbrio vital de uma conduta moralmente estabelecida como instrumento de manutenção de uma ordem regida pela hipocrisia intencional de escrúpulos distorcidos e adaptados à cegueira conveniente das castas inferiores. No entanto, devemos nos manter na idéia da origem extremamente elevada de sua noção primordial enquanto fonte de beleza divina emanada do sacrifício do eu à pura consciência da mente interior individual. A criação se fundamenta no sacrifício do criador por necessidade intrínseca de transmutação do fluxo vital de cuja morte é gerada a vida.

A esfera do sacrifício tem como atributo a luz solar resplandecente mostrando sua relação análoga e direta com Thelema (Vontade) e o número 93. Na realidade, sacrifica-se o eu em nome da Vontade, para que este seja então a luz e a sombra unidos em luxúria como que a morte de si mesmo em prol da salvação à medida que Babalon se torna mais nítida e presente fornecendo o líquido de sua própria vida para os ritos de cura e morte. O dogmatismo envolvendo o arquétipo cristão tem como oculto a expressão deste símbolo de poder e negação que agora se revela na mudança de eras, por onde nossa concepção se torna nítida como centros de força e fraqueza, sendo nossa responsabilidade enquanto luz e sombra o desvelar do véu cristão em nome da Real Vontade e a subseqüente degeneração da moral enquanto ilusão de si mesma: escravocrata, pestilenta e doce em sua podridão. Jesus Cristo nada mais é do que o Filho prestes a "regredir" em bebê e adentrar a esfera que não é esfera: daí o nome Jeovah Eloah Va Daath. Enquanto este adentra os túneis para que seja degolado e transmutado de resultado da procriação em fertilizador, tem em sua morte o sacrifício da potência do órgão sexual em Nossa Senhora Babalon, a sacrificadora. Tipheret e Chokmah são ações cujo pivô é Babalon, a Deusa e o feminino, que é Satã, ou Shaitan.

Extremamente importante então é o entendimento no que concerne este fator sexual andrógino de castidade e luxúria que envolve a figura solar de Tipheret como expressão fálica máxima de algo que espera a morte certa para renascer em sua essência mais pura; juntamente potente e passivo ante a força da constrição, e reflexo no ser da serpente primordial (Set enquanto expansão). A submissão à própria potência representa a mais honesta entrega do ser imperfeito ante sua essência da qual ele nada mais é do que reflexo, daí surgido enquanto alma divina, enquanto besta inquebrável, na totalidade do sol que é 666.

Levando-se em consideração que nós enquanto humanos moldamos o divino à nossa vontade, e que tal premissa de divinização fora transferida para uma noção exotérica sob o intuito; extremamente hábil, devemos admitir; de vampirização em massa favorecendo a interesses nada "castos" segundo a própria visão cristã de controle e usufruto da energia divina que é nossa por direito, percebemos a verdade por trás da ilusão político-religiosa de nossos antepassados recentes enquanto instituição mundana. Se quisermos conquistar o mundo dos mortos, devemos então seguir os passos de Osíris, sacrificando-o e entregando-o a Ísis para que esta se encarregue de sua ressurreição, sendo nossa Vontade hábil para tal. Esta é a era de Hórus enquanto filho, o vingador que desceu ao abismo e, retornado sob a égide da Phoenix, veio assumir o trono de Ra para o apropriado sacrifício de nós mesmos na afirmação da dupla baqueta de poder em Set e Shaitan. A totalidade resumida na grafia do inexprimível YHVH; onde o uno e o binário são, quando da sua junção com o ternário, o quaternário; oculta a profundidade do quinto elemento Shin que, intercalado a YHVH, gera o nome Jeheshua, nome original em hebraico de Jesus.

Embora o dogmatismo nos tenha privado daquilo que possuímos como seres divinos por direito enquanto Universo organizado em átomos análogos a Galáxias, temos como dever a compreensão de que a afirmação do sacrifício de Jeheshua como ato de salvação em prol da Humanidade é a mais pura Verdade, já que este salvou sua própria Humanidade. Afinal, não apelamos nós sempre à pequena morte com o intuito de perpetrar a vida de nossa espécie visando a própria salvação?

Therion, a Besta, vem como a libertação da consciência solar há tanto restrita ao desequilíbrio em um pilar onde não pertence; plena em si mesma, a Besta traz a nós nada mais do que nós mesmos para que através dela cheguemos a ser o que éramos, já não somos e quiçá seremos: Deus, Ehieh enquanto Samadhi. Sendo ela a Vontade una no amor de Babalon, a Mulher Escarlate do Apocalipse de São João, temos aqui o significado da Lei em seu enunciado complementar: Amor é a lei, amor sob Vontade.

A perspectiva de dedicação à Obra como recompensa alcançada através do esforço vem a reforçar a noção do sacrifício individual como único meio pelo qual se conquista a Iniciação. Enquanto na visão distorcida da era que se passou a súplica à espera de um reconhecimento era a forma da iluminação, nesta conta-se apenas com a Vontade como transmissora da luz divina emanada do Criador, num contato direto com a Estrela-Cão, Sírius, que é Sothis. Tão bem sabiam disso os mestres do Templo de Set no antigo Egito. Este deus que fora relegado à maldição por seus detratores que vinham como arautos da então futura era de Peixes, representava a força tântrica do Eu Divino Interior, ou Sagrado Anjo Guardião, enquanto libertador e afirmador do direito ao conhecimento absorvido de outras dimensões, sendo o coração do magista. Shiva e Shakti (ou Kali) são exemplos que podem ser citados como aspectos tântricos do Vamamarga, o Caminho da Mão Esquerda, representante Oriental do que o Ocultismo significa para os Ocidentais. Mais uma vez percebe-se a conexão de Chokmah (Set, a Serpente) com o Eu Superior, filho de Chokmah e Binah, Shiva e Shakti:

"Agora vós sabeis que o sacerdote e apóstolo escolhido do espaço infinito é o sacerdote-príncipe, a Besta; e em sua mulher, chamada a Mulher Escarlate, está todo o poder dado. Eles reunirão minhas crianças em seu cercado: eles levarão a glória das estrelas para os corações dos homens." - Liber Al vel Legis (I, xv)

O que é Magick?

O que é Magick? Por que alguém deveria estudá-la e praticá-la? Muito natural; as óbvias perguntas preliminares sobre qualquer assunto. Devemos clarificar bem a

matéria e não temas pois exporei o assunto tão suscintamente possível, mas por completo, com toda lucidez e o mais convincente possível, dentro das minhas possibilidades em fazê-lo. Ao menos não necessito perder tempo em dizer-lhe o que Magick não é; ou contar a estória de como a palavra passou a ser mal empregada em brincadeiras ou em fraudar milagres tais como o que hoje em dia são feitos por charlatões trapasseiros, dentro ou fora da Comunhão Romana, para uma boquiaberta platéia de devotos imbecís.

I. Definição.

Magick é a Ciência e Arte de provocar Mudanças de acordo com a Vontade. (Ilustração: é meu desejo informar ao mundo certos fatos do meu conhecimento. Eu, portanto, tomo as "armas mágicas"", caneta, tinta e papel; escrevo "encantamentos" estas frases-em linguagem mágica, isto é, a qual é entendida por pessoas que desejo instruir. Invoco "espírítos" tais como tipógrafos, editores, livreiros, e assim por diante, e os instruo a passar minha mensagem àquelas pessoas. A composição e distribuição é um ato de Magick pelo qual provoco Mudanças de acordo com minha Vontade.)

II. Postulados.

Qualquer mudança que se queira, pode ser conseguida com a aplição da Força do tipo e grau próprios, de maneira apropiada, através de meio adequado ao objeto desejado. (Ilustracão: Desejo preparar uma "onça" de Clorido de Ouro . Preciso pegar o tipo certo de ácido, nitro-hidroclorídrico e nenhum outro, na quantidade suficiente e com energia adequada, e colocá-lo em um recipiente que não se quebrará, quebrará ou que possa haver corrosão, de tal maneira que não produza resultados indesejáveis, com a quantidade suficiente de ouro, e assim por diante. Toda mudança tem suas próprias condições. No presente estado de nosso conhecimento e poder, algumas mudanças não são possíveis na prática; não podemos causar eclipses, por exemplo, ou transformar chumbo em lata, ou gerar homens a partir de cogumelos. Mas é teoricamente possível provocar em qualquer objeto, qualquer mudança da qual este objeto é capaz por natureza; e as condições são descritas no postulado acima).

III. Teoremas:

(1) Todo ato intencional é uma ato de Magick.

(2) Todo ato bem sucedido enquadra-se ao postulado.

(3) Todo fracasso prova que um ou mais requisitos do postulado não foram atendidos.

(4) O primeiro requisito para provocar qualquer mudança é através do entendimento qualitativo e quantitativo das condições.

(5) O segundo requisito para se provocar qualquer mudança é a habilidade prática para se colocar em movimento as forças necessárias.

(6) Todo homem e toda mulher é uma estrela. Quer dizer, todo ser humano é intrinsecamente um indivíduo independente com seu papel e direção próprios.

(7) Todo homem e toda mulher tem um curso, dependendo parcialmente do indivíduo e parcialmente do ambiente, que é natural e necesssário para cada um. Qualquer um que seja forçado a sair de seu próprio caminho, por não entender a si mesmo ou por oposição externa, entra em conflito com a ordem do Universo, e sofre de acordo.

(8) Um homem cujo o desejo consciente disputa com sua Verdadeira Vontade está disperdiçando sua forças. Ele não pode esperar influenciar seu ambiente com eficiência.

(9) Um homem que faz sua Verdadeira Vontade tem a inércia do Universo para ajudá-lo.

(10) A Natureza é um fenômeno contínuo, embora não saibamos, em todos os casos, como os fatos são conectados.

(11) A ciência nos torna aptos a tirar proveito da continuidade da Natureza pela empírica aplicação de certos princípios cuja intera-ação envolve diferentes tipos de pensamentos, conectados uns aos outros de modo além de nossa atual compreensão.

(12) O homem ignora a natureza de seu próprio ser e seus poderes. Até mesmo sua idéia e limitações estam baseados em suas experiências do passado, e cada passo no seu progresso aumenta seu império. E não há, portanto, razão para se designar limites teóricos ao que se possa ser, ou meso o que ele possa fazer.

(13) Todo homem sabe, mais ou menos, que sua individualidade compreende diversos tipos de existência, até mesmo ele sustenta que seus pricípios mais sutís são simplesmente mudanças sintomáticas em seu corpo físico. Preceito similar pode ser extendido a toda Natureza.

(14) O Homem é capaz de ser e usar qualquer coisa que percebe; porque tudo que ele percebe é, de certo modo, uma parte de seu ser. Ele pode, desta forma, subjulgar todo o Universo do qual ele é ciente a sua Vontade Individual.

(15) Toda força no Universo é capaz de ser transformada em qualquer tipo de força pelo uso dos meios adequados. Há, deste forma uma inesgotável fonte de qualquer tipo de força que precisemos.

(16) A aplicação de qualquer força afeta todo tipo de existência que esteja no objeto ao qual ela é aplicada, e qualquer um dos dois tipos é diretamente afetado.

(17) Um homem pode aprender a usar qualquer força, para servir a quais quer propósitos, tirando proveito dos teoremas acima.

(18) Ele poderá atrair para si mesmo, qualquer força do Universo, tornando-se um receptáculo adequado para isto, estabelecendo a conecção adequada às condições para que a natureza desta força faça fluir através dele.

(19) O senso que o homem tem de si mesmo como sendo um ser à parte e oposto a alguma coisa, o isola. O Universo é uma barra condutora de energia.

(20) O homem pode somente atrair e empregar as forças para as quais ele é realmente apto.

(21) Não há limite para a extensão das relações de cada homem com o Universo em essência; porque tão logo o homem se faça uno com qualquer pensamento, os meios de meditação param de existir. Mas seu poder em utilizar esta força é limitado por seu poder mental e capacidade, e pelas circunstâncias de seu ambiente.

(22) Cada indivíduo é essêncialmente suficiente a si mesmo. Mas, ele é insastifatório a si mesmo até que estabeleça um correta relação com o Universo.

(23) Magick é a Ciência de entender a si mesmo e suas condições. E a arte de aplicar este entendimento à ação.

(24) Todo homem tem o direito de ser o que é.

(25) Todo homem que pratica Magick, cada vez que age ou pensa, visto que o pensamento é um ato interno cuja influência afeta, embora isto talvez não ocorra no momento.

(26) Todo home tem o direito, o direito da auto-preservação, para satisfazer-se ao extremo.

(27) Todo homem deveria fazer Magick a chave de sua vida. Deveria aprender suas leis e viver por elas.

(28) Todo homem tem o direito de satisfazer seus desejos sem temer que isto possa interferir com o desejo dos outros; porque se ele estiver em seu caminho, a falha será dos outros caso interfiram com ele. Mas, há um sendo restrito e convencional, no qual a palavra pode ser usada sem deixar muito de lado a posição filosófica acima: "Magick é o estudo e uso daquelas formas de energias que são: a) mais sutis que os tipos físicos e mecânicos comuns; b) acessíveis somente aqueles que são (de um modo ou de outro) ‘Iniciados’. Temo que isto possa parecer obscurum per obscuris; mas este é um dos casos — estamos aptos a encontrar vários no decorrer de nossas pesquisas — o qual entendemos, bem o bastante para todos os propósitos práticos, e o que desejamos, mas que nos fogem com mais e mais frequencia, por mais que lutemos para definir sua importância. Poderíamos fazer até coisa pior se tentássemos clarear as coisas fazendo listas de fatos históricos, tradições ou experiências e classificando isto como sendo, e aquilo como não sendo, verdadeiramente Magick. Os casios limiares poderíamos nos confundir e nos deixar perdidos.

Thelema

INTRODUÇÃO

Thelema ("télema") é uma palavra grega que significa "vontade" ou "intenção", e é soletrada THETA-EPSILON-LAMBDA-ETA-UM-ALPHA. Thelema possue o valor numérico de 93, que é o mesmo de AGAPÉ (Amor em grego).É também o nome de uma filosofia espiritual nova que vem sendo elaborada nos últimos cem anos e está tornando-se gradualmente estabelecida mundialmente.

Uma das primeiras citações desta filosofia ocorre no clássico Gargantua e Pantagruel escrito por François Rabelais em 1532. Um episódio desta aventura épica fala da fundação de uma " abadia de Thelema ". Uma instituição para o cultivação das virtudes humanas, que Rabelais identificou como sendo em exatamente opostas às idéias cristãs que prevaleciam naquele tempo. A única regra da abadia era: " faze o tu que queres ". Esta tem se tornado uma das condutas básicas da filosofia Thelêmica atual.

Embora tenha sido influenciada por vários pensadores visionários proeminentes em cerca dos cem anos seguintes, as sementes de Thelema plantadas por Rabelais vieram eventualmente à frutificação no fim deste século quando foram desenvolvidas por um inglês chamado Aleister Crowley. Crowley era um poeta, autor, escalador de montanhas, mago, e um membro da sociedade oculta conhecida como a " The Hermetic Order of the Golden Dawn ". Em 1904, em viagem ao Egito com sua esposa Rose, Crowley envolveu-se em uma série de eventos os quais classificou como inaugurantes de um novo Aeon (Éon) da evolução humana. Estes culminados em abril quando Crowley em estado de transe escreveu os três capítulos de 220 versos que vieram ser chamados O Livro da Lei (conhecido também como Liber AL ou Liber Legis). Este livro declara entre outras coisas: " a palavra da lei é Thelema " e " faze o que tu queres será o todo da lei ".

Crowley passou o resto de sua vida desenvolvendo a filosofia de Thelema como revelada pelo Livro da Lei. O resultado é um volumoso comentário e obras englobando magick, misticismo, yoga, qabalah, e outros assuntos ocultos. Virtualmente todos seus escritos possuem a influência de Thelema como interpretada e compreendida por Crowley em sua capacidade como o profeta do novo Aeon.

Uma teoria afirma que cada capítulo do Livro da Lei está associado à um Aeon particular da evolução espiritual humana. De acordo com esta visão, o Capítulo Um caracteriza o Aeon de Isis, quando o arquétipo da divindade fêmea era predominante. O Capítulo Dois relaciona-se ao Aeon de Osiris, quando o arquétipo do Deus morto se tornou proeminente, e as religiões patriarcais do mundo se tornaram estabelecidas. O Capítulo Três descreve a inauguração de um aeon novo, o Aeon de Horus, filho de Isis e Osiris. É neste aeon novo que a filosofia de Thelema será revelada integralmente à humanidade, e tornar-se-á estabelecido como o paradigma preliminar para a evolução espiritual da espécie.

Alguns dos elementos essenciais do pustulado de Thelema são:

"todo homem e toda mulher é uma estrela."

Isto geralmente é interpretado com a idéia de que cada indivíduo é original e tem seu próprio trajeto em um universo espaçoso aonde ele pode se mover livremente sem colisão.



"faze o que tu queres será o todo da lei." e " tu não tens direito senão fazer tua vontade."

A maioria dos Thelemitas afirma que cada pessoa possui uma Vontade verdadeira, uma única motivação geral para sua existência. A lei de Thelema exige que cada pessoa siga sua Vontade verdadeira para alcançar a realização em vida e a liberdade da limitação de sua natureza. Porque nenhuma das Vontades verdadeiras podem estar em conflito real (de acordo com " cada homem e cada mulher é uma estrela "), esta lei proíbe também que se interferira com a Vontade verdadeira de outra pessoa.

A noção da liberdade absoluta para que um indivíduo siga sua Vontade verdadeira é estimada entre Thelemitas. Esta filosofia reconhece também que a tarefa principal de um indivíduo que segue o caminho de Thelema é a de primeiramente descobrir sua Vontade verdadeira, dando grande importância à métodos de auto-exploração tais como magick. Além disso, cada vontade verdadeira é diferente, e porque cada pessoa tem um ponto de vista original do universo, ninguém podem determinar a Vontade verdadeira para uma outra pessoa. Cada um deve atingir esta descoberta por si próprio.


"o amor é a lei, amor sob vontade."

Este é um corolário importante para o anterior, indicando que a natureza essêncial da lei de Thelema é aquela do Amor. Cada indivíduo une-se à seu "Self" Verdadeiro pelo Amor, e assim feito, o universo inteiro de seres conscientes une-se com cada outro ser através do Amor.

Naturalmente, com a ênfase na liberdade e individualidade inerentes à Thelema, a opinião de cada Thelemita sobre a lei tende a diferir substancialmente. No Comento adicionado ao livro da lei indica-se isso: " todas as questões da Lei devem ser decididas somente com apelo aos meus escritos, cada uma por si. " Embora Thelema seja referida às vezes como uma " religião ", ela acomoda uma escala vasta de crenças individuais, do ateísmo ao politeísmo. O importante é que cada pessoa tem o direito de completar-se através das crenças e ações que lhes melhor servirem (desde que não interfiram com a Vontade alheia), e somente ela mesma é qualificada para determinar quais elas são.